Desde janeiro até junho de 2025, o grupo al-Shabaab (ligado ao Estado Islâmico) sequestrou pelo menos 120 crianças em Cabo Delgado. Os menores são forçados a transportar bens saqueados, realizar trabalho escravo, lutar como soldados ou se submeter a casamentos forçados.
Em um ataque em Magaia, no distrito de Muidumbe (11 de maio), foram mortas três meninas (12, 14 e 17 anos) e outras oito (seis meninas e dois meninos) foram sequestradas — apenas uma conseguiu escapar.
Impacto humanitário e risco infantil
A UNICEF Moçambique denuncia o aumento alarmante desses ataques contra crianças e trabalha com parceiros para reintegração, recuperação psicossocial e acesso a serviços essenciais para os menores que retornam.
A ACAPS / OCHA estima que mais de 820 mil pessoas estão deslocadas em Cabo Delgado, e entre janeiro e abril de 2025 foram afetadas mais de 43 mil pelo conflito. Mulheres e crianças representam cerca de 80% dos deslocados, com violação frequente de direitos humanos e saúde precária nos acampamentos.
Violência insurgente e resposta militar
Os insurgentes da Islamic State Mozambique (ISM) continuam ofensivas coordenadas: ataques a vilas, emboscadas em rodovias como a N380, e tomada de postos militares e logísticos.
Apesar do apoio de tropas ruandesas e sistemas de patrulha conjunta com as Forças de Defesa de Moçambique (FADM), forças insurgentes continuam operando mesmo em áreas próximas a bases militares, especialmente nos distritos de Macomia, Muidumbe, Meluco e Mocímboa da Praia.
Em 3 de maio, ocorreu uma emboscada que matou cinco soldados ruandeses perto de Chiure–Metuge.
Avaliação institucional e apoio internacional
Em julho de 2025, uma missão técnica da União Africana (PAPS) visitou Cabo Delgado, avaliou o estado de segurança, deslocamento, infraestrutura, e reforçou a necessidade de projetos imediatos em saúde, educação, saneamento e geração de renda nos acampamentos.
A missão encontrou lacunas claras no Plano de Reconstrução Provincial e destacou a importância de uma abordagem comunitária e inclusiva para estabilidade e desenvolvimento.
Situação geral de segurança e justiça
Abduções infantis ≥ 120 crianças sequestradas, muitas ainda não libertadas e sem acesso a cuidados adequados.
Deslocamento +820 mil pessoas deslocadas; condições de vida precárias em acampamentos.
Violência insurgente Ataques contínuos em zonas rurais; segurança precária mesmo perto de bases militares.
Resposta militar FADM + tropas ruandesas operam conjuntamente, mas há falhas graves em prevenção e reação.
Apoio internacional Intervenções via União Africana e ONGs oferecem avaliação técnica e apoio emergencial.
Investigação Urgente: A Verdade Por Trás das Abduções Infantis em Massa
Que passos devem ser adotados?
1. Priorizar busca e resgate das crianças sequestradas, com apoio de inteligência e unidades especializadas.
2. Oferecer atendimento psicológico e social às vítimas, facilitando reintegração comunitária e proteção contínua.
3. Melhorar a segurança das rotas logísticas, especialmente na estrada N380 e zonas vulneráveis.
4. Fortalecer instituições locais, como tribunais, serviços jurídicos e conselhos de segurança em distritos afetados.
5. Impor responsabilização criminal, ampliando investigações dos sequestros e ataques como crimes de guerra.
Entretanto em Cabo Delgado enfrenta uma crise multifacetada de segurança, abuso infantil e desestruturação institucional. A escalada recente em abduções de menores, deslocamentos e violência continuada evidenciam a urgência de ação coordenada e eficaz tanto do governo quanto da comunidade internacional.