Quelimane acordou sob o cheiro intenso de diesel e fumaça. No bairro Icidua, a tranquilidade cedeu lugar a uma verdadeira rebelião popular, quando centenas de moradores avançaram contra o posto policial local e o reduziram a cinzas.
O estopim? A captura de quatro homens acusados de integrar um esquema milionário de roubo de combustível das mineradoras chinesas que exploram areias pesadas em Chinde e Inhassunge.
A operação policial não deixou margem para fuga: os agentes surpreenderam os suspeitos descarregando 117 bidões cheios de diesel — mais de 2 mil litros — dentro de uma residência. O valor estimado do prejuízo para as empresas ultrapassa 196 mil meticais.
A revolta foi imediata. Assim que a população soube que os detidos seriam levados para a 3.ª Esquadra, a fúria explodiu. Em poucos minutos, o posto policial estava cercado, e o fogo consumia paredes, móveis e documentos.
Enquanto isso, na sala de interrogatório, três dos suspeitos juravam inocência, dizendo que “caíram de paraquedas” no cenário do crime. O quarto, mais direto, confessou: pegou os bidões porque viu outros moradores correndo com eles.
A PRM promete seguir o rastro do combustível e descobrir quem são os “peixes grandes” que alimentam o mercado negro. Mas, no Icidua, a chama da revolta deixou claro que o caso vai muito além do diesel roubado.